Este curto documentário LÍNGUA MATERNA narra a primeira vez em que um documentário sobre o genocídio em Guatemala foi traduzido e dublado para Maya-Ixil, a língua nativa de um dos grupos indígenas mais afetado pelo conflito armado. Contado pela perspectiva de Matilde Terraza, uma jovem líder em ascensão da comunidade Ixil r coordenadora do projeto de tradução, o filme traz à tona o trabalho contínuo de preservar a memória coletiva na Guatemala, bem como a resiliência profunda da comunidade Ixil – na qual 14,5% morreram durante o conflito armado.
O pequeno país da América Central, Guatemala, tem a população de 15 milhões de pessoas, nos quais mais que a metade são Indígenas Maya. A guerra civil clandestina, enraizada na descriminação histórica e repressão do povo Maya pela população Euro-Hispânica da Guatemala, acontece no período de 1960 até o Acordo de Paz em 1996. Nos anos 70, um movimento democrático surge em resposta à uma ditadura militar repressiva; quando este movimento foi forçado a se esconder, muitas facções mudaram suas bases para vilarejos Maya nas montanhas, estimulando alguns membros da comunidade para juntar-se a luta. O governo da Guatemala respondeu para este movimento com uma campanha contra insurgência: em 1980 o exército instituiu “Operação Sofia”- um plano sistemático para acabar com guerrilha especificamente na população Maya. Nos três anos seguintes, o exército infiltrou metodicamente as áreas Maya implementando uma política de terra queimada. Neste tempo, eles destruíram mais de 626 vilarejos, mataram ou “desapareceram” com mais de 200.000 pessoas e deslocaram mais de 1.5 milhões, com mais de 150.000 procurando refúgio no México.
Nos anos desde o genocídio, um documentário sobre o conflito armado nunca foi traduzido em nenhuma das línguas indígenas do povo Maya, os mais afetados pelos eventos de 1980 – até agora. LÍNGUA MATERNA segue o processo improcedente de traduzir GRANITO: HOW TO NAIL A DICTATOR, um documentário sobre o genocídio em Guatemala e a busca por justiça, com uma voz Ixil – a língua de um dos grupos mais afetados com o conflito armado. A criação de uma versão com voz indígena foi, como sua raíz, uma decisão pragmática – Ixil é principalmente um dialeto, considerando também que nem todos da comunidade Ixil são alfabetizados, fazendo legendas inviável. O processo de traduzir e gravar a história de GRANITO, contudo, trouxe muito mais para a superfície – as consequências intergeracionais invasivos do genocídio, a importância da memória coletiva, o grande medo ainda presente na comunidade Ixil, e a profunda resiliência do povo Ixil, que teve 14.5% do seu povo morto no genocídio.